segunda-feira, 11 de agosto de 2008

a vida passa...

A vida tá passando. Meus pais estão envelhecendo. Meus amigos estão indo a baladas todos fins de semana. Diversas pessoas ensaiam com suas bandas todo sábado. Aos domingos, as vezes encontram amigos, fazem churrasco, ou só uma visita rápida.
E eu estou aqui, longe de tudo e de todos.
Estou aqui por ter que estar, querendo estar lá. vivendo a vida real, aquilo que eu considero vida.
Ter um emprego que paga bem e um mínimo de reconhecimento profissional é o que vale?
Já concluí que não.
Me angustia muito não ter amigos. Não ter pra quem contar os dramas da vida, partilhar sorrisos em momentos de descontração, beber uma cervejinha enquanto fala das futilidades da vida. Não ter nem mesmo para quem mostrar o tapete novo da sala, o disco raro que achei no sebo, a coleção de livros. Não ter pra quem arrumar a casa. Pra quem usar os talheres e louças que ganhou no casamento, aqueles para ocasiões especiais. Não ter ocasiões especiais.
Me dói ainda mais, ter que obrigar outras pessoas a partilhar esse sofrimento comigo. Uma mulher que tem ninguém além de mim o ano todo, guardando um mundo de sonhos e realizações para serem mostrados às paredes. Um filho, que passa os dias sozinho, eternamente esperando os fins de semana para jogar vídeo-game com o pai, ou quem sabe ir ao cinema, ou em últimos casos sair pra jantar, onde ele pode ter um certo convívio social com outras crianças das atrações infantis proporcionadas pelos mesmos restaurantes.
Sabendo que lá fora estão todos os primos e sobrinhos da idade do meu filho. Que meu pai tem sítio e casa na praia, que serão desfrutados apenas poucos dias por ano pro resto da vida?
Meus avós, que só podem ver o bis-neto, coisa rara, quando se é que vão para a casa dos meus pais nas férias. Sabendo que todos amigos leais, aqueles que a gente leva uma vida pra encontrar, estão tão longe, que quem sabe já nem sejam mais os nossos amigos leais.
A vida passa... e me dá medo ver tudo que está passando e a gente não pode entrar na corrente, no fluxo, porque o rio passa longe demais...

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Máscara

As vezes eu me pergunto, que imagem será que as pessoas tem de mim? Será que sou considerado bonito? Inteligente? Uma pessoa agradável? Talvez isso tenha múltiplas respostas, dependendo de quem responde. Eu sei como sou e como gostaria de ser. Tem coisas que eu considero boas, me orgulho, então as mostro às claras, sem maquiagem. Outras já não gosto, ou queria que fosse diferente, ou que não há possibilidade de ser como queria. Para algumas destas não há o que fazer, as coisas são simplesmente o que são e não dá pra tentar ocultar. Mas outras a gente guarda lá no fundo da mente, ou do coração. Tenta cobrir com o pano mais opaco possível para que ninguém veja. Ou simplesmente pinta uma máscara agradável e põe por cima.
Eu queria ser bonito. Desses que despertam olhares admirados nas meninas. Das meninas bonitas claro. Sou casado, sei, mas não to falando disso. To falando de auto-estima. Sei que tenho olhos bonitos. tenho tatuagens, cabelos longos, meu próprio estilo, um bom emprego. Isso chama atenção, mas será que alguma menina bonita pensa em como eu seria a pessoa ideal pra ela? Sou gordo. não considero meu rosto bonito. Meu pau não é grande.
Me considero um cara do bem. Faço tudo que posso pelos outros, muitas vezes deixando coisas importantes para mim de lado, para ver um sorriso no rosto do outro. Mas por ser assim, me decepciono muito fácil com os outros, pois espero com essa minha atitude, que as pessoas gostem de mim, que queiram muito a minha companhia. Que me considerem seu melhor amigo. Que façam o mesmo por mim. E quase sempre não é assim. E pode ser que justamente por ser assim, por esperar contrapartidas, seja o que afaste de mim aquilo que espero. Não tenho muitos depoimentos no orkut. Finjo que isso não importa. Ao mesmo tempo me pergunto porque será. Concluo que é porque as pessoas já desencanaram do orkut, ou não tem tempo, ou porque a maioria dos meus amigos já estão mais velhos, maduros, e não dão tanta bola pra isso. Mas esses meus amigos entram toda hora no orkut. E a maioria deles tem 400 depoimentos, e muitos deles que eu escrevi, e não recebi outro em troca. É certo esperar outro em troca?
A gente vai acostumando com essa falta de interesse dos outros pela gente. Vai deixando de lado questionamentos de onde erramos pras coisas não serem como gostaríamos. Um milhão de amigos verdadeiros não existem, essa é a verdade, e temos de aprender a valorizar os poucos que temos, que suprem nossa auto-estima de uma forma que sabemos ser verdadeira e sincera. Isso vale por um milhão de amigos, mas nosso orgulho interno, somatório de mágoas, traumas e sentimentos de injustiça nos cega pra isso, nos torna egoísta e individualista. É uma forma de auto-proteção. Nos faz as vezes agir exatamente da forma que não gostaríamos que agissem conosco, criando um círculo vicioso que pode ser a explicação praquilo que não entendemos, quando fazemos de tudo para que sejamos aceitos e vistos de uma forma mas na verdade ninguém nos vê.
Queria ser a pessoa mais legal do mundo e ser admirado, mas os excessos sempre são ruins nos tornando o oposto ou invejado. As intenções e os resultados nunca batem. Queria saber que em todo lugar, as pessoas que me conhecem vivessem falando bem de mim. Há aqueles que também queriam o mesmo, mas na verdade tem uma convicção doentia de que na verdade o que acontece é o contrário, e as pessoas só falam é mal da gente. Eu tenho uma convicção diferente do que acontece na realidade, e apesar de ser uma convicção melhor do que essa, é uma convicção triste também. Eu queria que todos vivessem falando bem de mim, sei que não é assim mas não acredito que na verdade falem mal. Na verdade, elas simplesmente não falam. Raramente lembram de mim. Isso tem suas explicações, que aos poucos você vai começar a entender, em posts futuros. Mas a verdade é que a gente faz de tudo na vida por um pouco de reconhecimento, mas tirando nossos familiares, são muito poucas as pessoas que lembram que a gente existe. É uma realidade cruel, mas é assim. Ao mesmo tempo que espero isso dos outros, todos esperam exatamente o mesmo e esquecem que pra isso é necessário reprocidade. Então ficam fazendo de tudo pra chamar a atenção, pensando mais em seus próprios umbigos pra ver quem tem mais visibilidade, pra ser mais lembrado. Uma disputa silenciosa de egos por atenção. Poucos sao os humildes que pensam só nos outros e não ligam pra serem lembrados, os que não fazem questão de atenção e são felizes por simplesmente fazer o outro feliz. E talvez estes sejam aqueles que no fim das contas, são os mais lembrados e os que consigam aquela antenção que todos queriam. Dentro dessa diversidade de tipos, onde me encaixo? Alguém lembra de mim? Alguém pensa em mim ou lembra pelo menos uma vez por dia? Uma vez por semana? Uma vez por mes? Sou importante pra mais alguém que não meus familiares? Alguém me admira? Em que nível? Queria ter todas essas respostas. Mas isso está dentro de uma perspectiva de que a gente agrada. Pensando bem, talvez seja até bom não ter todas as respostas...